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sexta-feira, 2 de julho de 2010

Eterna em mim

Eu sou apenas você. Sou o que você foi, porque você me completou durante toda uma vida, uma história que se passou, como um rio que se encontra no mar, como uma boca que beija a outra. Nos misturamos, como tintas diferentes para sermos apenas uma cor, a cor do nosso amor, a cor da nossa vida, da nossa história.

Quando você partiu a dor tomou o seu lugar. Ficou pingando, aos poucos, encheu uma lata, duas, três, era, o meu choro, virou água se fundiu com a saudade que tinha de você. Era difícil entender porque você sumiu, foi tudo aos poucos. A medida em que os anos passam, as pessoas somem, a vida acaba.

O que vem depois do fim? Vem a dor de quem fica, a dor que dilacera, mas que ao mesmo tempo acalma e nos ensina que a vida é uma árvore que tem um tempo para produzir seus frutos. Nós somos esses frutos, nos misturamos com outros quando caímos no chão, buscamos nossos pares. Quando encontramos temos a certeza de que viveremos ao seu lado por um longo tempo.

Mas o tempo não é longo, o tempo é curto. Qualquer período é curto para o amor. Pode ser um século, um milênio, uma era, ele sempre será pequeno demais, afinal o amor é eterno.

O amor perpassa a eternidade do tempo, destrói as amarras da vida e vai até o paraíso buscar quem nos deixou. Só o amor lhe traz de volta todas as noites para a beira da minha cama, para alisar o meu cabelo, segurar a minha mão, beijar os meus lábios.

O amor é imortal, o tempo não se conforma com isso, e assim controla a humanidade e lhe causa muita dor por isso. Como mais um na humanidade sinto diariamente essa dor, porque o tempo é mais forte do que eu, mas bem mais fraco que o que nos une.

Choro porque sou mortal. Vivo neste mundo porque o eterno há de chegar, mas continue sendo o bálsamo de todas as noites, o perfume das novas primaveras que virão, o orvalho dos outonos e os ventos cortantes de qualquer inverno, pois o que a tristeza ainda não conseguiu destruir é a exatidão de saber que sua alma é eterna em mim.

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