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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

III- CONTINUAÇÃO

Mas as dúvidas permanecem. Sandra chega à escola e vê um punhado de garotos e todos parecem olhar para ela, a fitar com o pensamento. Na verdade, é Sandra quem está olhando para eles, tentando descobrir quem foi o dono da rosa deixada na porta de sua casa.
A cada momento um rosto diferente passa a ser o grande autor da façanha, mas num mesmo segundo vem a sensação de insegurança que somente uma menina pode ter ou alguém que ainda está tentando se encontrar.
Entretanto, dentro de sua própria insegurança, Sandra entendia que era preciso amadurecer em todos os sentidos. Para entender o que realmente estava acontecendo com seu corpo, com seus sentimentos era preciso bem mais que uma rosa, mas várias dúzias de rosas. Pois só ali caberiam suas interrogações.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

III

Do que vale ter um amor nessa vida? Descobrí-lo na adolescência e vivê-lo intensamente? Para alguém com 16 anos amar pode parecer simples, porém é neste quesito que reside uma grande dúvida. Se entregar de que forma à essa paixão?
Não se pode viver paixões sem profundidade, sem intensidade, sem desejo de ser e ter, de estar e sentir, de correr e fugir, de chorar e rir. As paixões marcam a vida da pessoa e a preparam para um grande amor. A adolescência é a fase do aquecimento deste amor, da descoberta dessa vida que pode ser tão alucinada, quanto prazerosa.
As pessoas neste mundo, independente do tempo, estão procurando se encontrar e Sandra estava neste barco, na caravela do encontro, da busca incessante por alguém que lhe entendesse, que proporcionasse para a sua vida a sensação de dever cumprido, enfim do grande porto seguro que toda a alma busca inadvertidamente.
Como para aquele “Pequeno Príncipe” o seu mundo era a sua “Rosa”, para a menina Sandra passou a pulsar um coração dentro daquele agrado que tanto lhe deixou empolgada.
Dizem que essas são as chamas que um “bem-querer” pode dar. É assim que as almas se cruzam e se olham, se medem nos momentos mais oportunos, apesar de nosso juízo perfeito sempre insistir em afirmar o contrário.
O juízo é cego, faz questão de ignorar o coração, pede calma onde não pode e quer abafar o calor vindouro. Mas será que esse juízo consegue? Só a sua dona poderá dizer.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A rosa- Capítulo II

II
Pelas 6h30 o relógio berrou. Sandra acordou de um sono onde conheceu vários príncipes. Todos com uma rosa nas mãos e lhe dizendo juras de amor. Banho tomado, uniforme do colégio, desceu a escadaria de sua casa e já caiu na copa onde todos tomavam café.
O bom dia foi tão sonoro que Sandra acreditou por um momento que a magia da vida estava contida nas pequenas coisas. Ela estava descobrindo um mundo diferente.
- Sandra, Sandra, que alegria é essa?
A indagação do pai, um engenheiro de 48 anos, culminou com o olhar atento da mãe.
- É Sandrinha, vi você subindo ontem ao seu quarto com uma rosa, quem foi o príncipe encantado?
As bochechas estavam mais vermelhas que duas maçãs argentinas depois de polidas. O irmão que atacava uma baguete para saciar o dragão que dizia morar no seu estômago apenas riu e preferiu deixar passar o momento. No fundo, estava gostando de ver sua irmã feliz.
- Não sei, apenas vi a flor na frente de casa e a peguei. Foi algo instintivo, sei lá se foi alguém que mandou isso para mim, pode ser para o Duda!
- Se eu fosse mulher não mandaria uma rosa vermelha para um homem!
- Ah pai, quero apenas cuidar da flor. Se o príncipe quiser ele que apareça.
O dia de Sandra seria repleto de objetivos na escola. Duas provas e ainda um ensaio para a apresentação de teatro do final do mês. Mas era muito claro que o assunto com as amigas seria o presente do dia anterior.
O pai ainda sorridente ficou um pouco acabrunhado porque começou a perceber que os filhos estavam crescendo e que a vida começava a mudar. Era o tempo que implacavelmente tornava as pessoas adultas e as deixava com responsabilidades e novos sentimentos.
Uma menina como Sandra ainda não sabia muito bem o que pensar sobre um amor. Apenas estava delirante por ter sido lembrada por algum garoto que gentilmente tomou umas furadas nas mãos para lhe dar aquele botão de rosa. Mas o gesto simples de uma pessoa, conseguiu mudar a realidade de outra. O sentimento era bom, Sandra queria que seu admirador tivesse a sensação de dever cumprido.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A rosa- Capítulo I

Sandra olhou pela janela e viu que uma rosa estava na porta de sua casa. O coração acelerou, a visão ficou meio destemperada e num pulo saiu do sofá onde se dependurava para espiar a rua e caiu como uma gata, em pé, no meio da sala.
Na porta, se atrapalhou como sempre com as chaves, mas na terceira tentativa conseguiu destrancar a maldita. Para ela a epopéia de descer do sofá e correr até a porta eram como anos numa prisão, uma pena que nunca terminava.
Abaixada viu aquele “Príncipe Negro” em forma de botão jogado em sua porta. O tomou pelas mãos, deu aquela tradicional passada pelo nariz para sentir o aroma da flor e depois correu para a cozinha para colocá-la na água. Pensou até em deixá-la na sala, mas seu pai poderia achar muito exibicionismo de sua parte e correu para o quarto, antes que Duda, seu irmão mais velho chegasse da faculdade.
Sandra procurou na sua “gaveta da bagunça” a agenda com o telefone das amigas, afinal precisa contar a novidade. Usou e abusou do MSN, do Twitter e do Orkut e tome foto na internet! Era uma menina de 16 anos contando para todos que havia recebido sua primeira rosa.
- Isso, uma rosa linda. Jogada por ali, bem ali..., toda na minha porta. Só pode ser pra mim, afinal mulher não dá rosa para homem, né, Marina?
Com os pés na parede e olhando as estrelinhas que ficavam penduradas em seu teto, Sandra falou com Marina, sua fiel escudeira sobre como era ganhar uma rosa. Marina, sempre com seu ar de intelectualidade disse para Sandra tomar cuidado com as coisas do coração. De certa forma, aos 16 anos e meio, Marina sabia o que falava, afinal de contas já tinha passado por alguma experiência deste tipo.
Mas a euforia de Sandra impedia que qualquer conselho lhe entrasse na cabeça. A rosa era um troféu, algum menino estava apaixonado por ela. Marina também disse que poderia ser uma menina, mas Sandra reiterou que seu negócio era realmente os meninos.
- Marina, num rola com mulher. Não sou como a Juliana, ela gosta a gente respeita.
Aos 16 anos ainda é preciso estudar, concluir a última série do ensino médio. Mas naquela tarde e noite, quando o sol começa a namorar com a lua, era impossível que Sandra se debruçasse sobre os livros. Ela só tinha atenção para a sua rosa.