II
Pelas 6h30 o relógio berrou. Sandra acordou de um sono onde conheceu vários príncipes. Todos com uma rosa nas mãos e lhe dizendo juras de amor. Banho tomado, uniforme do colégio, desceu a escadaria de sua casa e já caiu na copa onde todos tomavam café.
O bom dia foi tão sonoro que Sandra acreditou por um momento que a magia da vida estava contida nas pequenas coisas. Ela estava descobrindo um mundo diferente.
- Sandra, Sandra, que alegria é essa?
A indagação do pai, um engenheiro de 48 anos, culminou com o olhar atento da mãe.
- É Sandrinha, vi você subindo ontem ao seu quarto com uma rosa, quem foi o príncipe encantado?
As bochechas estavam mais vermelhas que duas maçãs argentinas depois de polidas. O irmão que atacava uma baguete para saciar o dragão que dizia morar no seu estômago apenas riu e preferiu deixar passar o momento. No fundo, estava gostando de ver sua irmã feliz.
- Não sei, apenas vi a flor na frente de casa e a peguei. Foi algo instintivo, sei lá se foi alguém que mandou isso para mim, pode ser para o Duda!
- Se eu fosse mulher não mandaria uma rosa vermelha para um homem!
- Ah pai, quero apenas cuidar da flor. Se o príncipe quiser ele que apareça.
O dia de Sandra seria repleto de objetivos na escola. Duas provas e ainda um ensaio para a apresentação de teatro do final do mês. Mas era muito claro que o assunto com as amigas seria o presente do dia anterior.
O pai ainda sorridente ficou um pouco acabrunhado porque começou a perceber que os filhos estavam crescendo e que a vida começava a mudar. Era o tempo que implacavelmente tornava as pessoas adultas e as deixava com responsabilidades e novos sentimentos.
Uma menina como Sandra ainda não sabia muito bem o que pensar sobre um amor. Apenas estava delirante por ter sido lembrada por algum garoto que gentilmente tomou umas furadas nas mãos para lhe dar aquele botão de rosa. Mas o gesto simples de uma pessoa, conseguiu mudar a realidade de outra. O sentimento era bom, Sandra queria que seu admirador tivesse a sensação de dever cumprido.
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